Ao completar 25 anos, o relatório do PNUD reforça e amplia o conceito de desenvolvimento humano
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) está iniciando a elaboração de um novo Relatório Nacional de Desenvolvimento Humano (RDH). Em termos globais, trata-se do 25o ano de pesquisa. A primeira edição do RDH ocorreu em 1990, idealizada pelo economista paquistanês Mahbub ul Haq com a colaboração do economista Amartya Sen. Mais do que um relatório censitário de cunho econômico, lançava-se ali um novo conceito para aferição do nível de desenvolvimento social, uma nova forma de medi-lo: o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
O IDH é um número que varia entre 0 e 1. Quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano de uma unidade federativa, município, região metropolitana ou UDH. O índice reúne três importantes requisitos para a expansão das liberdades individuais: a oportunidade de ter uma vida longa e saudável (saúde), de ter acesso ao conhecimento (educação) e de poder desfrutar de um padrão de vida digno (renda). Desde que foi lançado, esse conceito se popularizou, tornando-se uma alternativa à utilização do Produto Interno Bruto (PIB) como medida de desenvolvimento, que era o padrão vigente na época. “Há 25 anos, país desenvolvido era país rico. E ponto. O relatório, ao dizer que país desenvolvido era país que ampliava as escolhas das pessoas para que elas pudessem fazer o que quisessem de suas vidas, foi revolucionário”, afirma Andréa Bolzon, coordenadora do Relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD no Brasil (leia a íntegra).
No IDH Global do relatório de 2014, as três dimensões têm o mesmo peso, sendo: Baixo Desenvolvimento Humano quando o indicador é menor que 0,550; Médio Desenvolvimento Humano entre 0,550 e 0,699; Alto Desenvolvimento Humano entre 0,700 e 0,799; e Muito Alto Desenvolvimento Humano acima de 0,800.
Esportes
A pesquisa para o próximo RDH tem uma novidade. Ela pretende explorar as relações entre Desenvolvimento Humano e Atividades Físicas e Esportivas. Trata-se do primeiro RDH elaborado com esse tema no mundo e sua aplicação no Brasil se deve em grande parte pelos dois megaeventos realizados aqui, a Copa FIFA 2014 e as Olimpíadas Rio 2016. Para Andréa Bolzon, a temática apresenta uma grande oportunidade para colocar em pauta novas questões de fundo. “A seleção do tema de um RDH pressupõe discussão e consultas internas no âmbito do escritório do PNUD, revisão de RDHs anteriores, revisões bibliográficas, consultas a acadêmicos, gestores e atores chaves e revisão de estratégias e políticas nacionais. Com relação ao tema das Atividades Físicas e Esportivas e Desenvolvimento Humano, todas essas questões foram observadas”, explica.
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM)
Junto com o anúncio do novo relatório, o PNUD disponibilizou em seu site o Atlas do Desenvolvimento Humano nas Regiões Metropolitanas Brasileiras – Edição 2014. Ele revela a variação do IDH em 16 capitais e suas regiões metropolitanas. Os dados são provenientes dos Censos do IBGE e trabalhados pelo PNUD em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a Fundação João Pinheiro (FJP).
Ao contrário do que se poderia imaginar, as regiões metropolitanas pesquisadas apresentaram sensível melhora nos indicadores entre 1991 e 2010, ao ponto de o RDH 2014 considerar o Brasil “um exemplo bem-sucedido na redução de vulnerabilidades e na construção de resiliência da população, especialmente a menos favorecida”, acrescentando que “foram adotadas políticas anticíclicas eficientes, políticas públicas ativas de diminuição da desigualdade”.
Sobre a última edição do Atlas, Jorge Chediek, representante-residente do PNUD e coordenador do Sistema ONU no Brasil, reitera que houve avanços e acrescenta: “Esperamos que o Atlas contribua com a gestão pública, ao apontar as regiões mais carentes dentro dos municípios, assim como instrumentalize os cidadãos para que eles tenham mais capacidade de reivindicar melhorias e acompanhar a evolução das metrópoles, em um exercício efetivo de transparência e cidadania”.
Para Sergei Soares, presidente do Ipea, a plataforma de dados municipais e o cálculo do novo IDHM oferecem um grande volume de indicadores sociais e econômicos, auxiliando pesquisadores, estudantes e gestores públicos “a melhor conhecerem o Brasil e a melhor decidirem sobre os rumos das políticas públicas no país, sobretudo na esfera municipal.” Opinião alinhada com a de Marilena Chaves, presidente da Fundação João Pinheiro: “O estudo fornece inúmeras oportunidades para que gestores públicos e sociedade civil alcancem o interesse comum de organizar uma agenda de desenvolvimento humano sustentável para o presente e a longo prazo”.
Acesse: Atlas do Desenvolvimento Humano nas Regiões Metropolitanas Brasileiras – Edição 2014 (PDF)